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Criação de uma vacina: por que é um processo demorado?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que o desenvolvimento da vacina contra coronavírus deve demorar mais de um ano e meio. Seguindo essa previsão, ela poderia ficar pronta em 2021 e ainda seria a vacina mais rápida a ser desenvolvida na história da humanidade.

Até agora, o sarampo segura o recorde: o vírus causador da doença foi identificado em 1953, enquanto a vacina foi aprovada em 1963, apenas dez anos depois.

Existem doenças que são imunopreveníveis, ou seja, que podem ser prevenidas com a imunização ou a vacinação.

A imunização consiste em tornar o organismo resistente e/ou capaz de reagir à presença de certos agentes (doenças, venenos de animais e outros).

Há dois tipos de imunidade:

  1. Imunidade natural – mecanismo desenvolvido pelo próprio organismo e que protege as pessoas contra infecções e doenças.
  2. Imunidade adquirida – é aquela que o organismo desenvolve após receber vacinas e soros (imunização passiva).
  • Nem sempre a vacina combate o microrganismo, entenda como ela age.

Antes da produção da vacina, é necessário identificar qual o agente causador da doença que se quer combater e como esse microrganismo provoca a doença.

Há microrganismos que não são os causadores de certas doenças, mas sim uma substância tóxica que ele produz. Dessa forma, a vacina deverá combater a substância causadora da doença.

Há outros casos em que a doença ocorre não pela presença do hospedeiro no organismo, mas sim pela quantidade de microrganismos, assim, a vacina será para que esses microrganismos não se multipliquem quando estiverem no interior do organismo.

As vacinas são compostas de bactérias ou vírus cultivados em laboratórios. Estes agentes são tratados para que percam o seu poder de contaminar, mas não a capacidade de estimular a produção de anticorpos que são os responsáveis pela defesa do corpo.

Algumas vacinas mais atuais utilizam a técnica de engenharia genética, não se utilizando dos micro-organismos para fazê-las.

Uma vez que a vacina seja aplicada, o organismo produzirá os anticorpos como se tivesse sido contaminado pelo agente, mas sem adoecer.

A partir daí, toda vez que a pessoa entrar em contato com o “germe de verdade”, contra o qual foi vacinada, irá produzir os anticorpos e estará protegida.

  • Etapas da produção de uma vacina

É importante saber também que toda vacina licenciada para uso passou antes por diversas fases de avaliação, desde os processos iniciais de desenvolvimento até a produção e a fase final que é a aplicação, garantindo assim sua segurança.

No Brasil, essa função cabe à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão vinculado ao Ministério da Saúde.

Confira, abaixo, as etapas necessárias para a criação e aprovação de uma nova vacina:

1. Pesquisa e coleta de amostras

Para que a vacina seja fabricada de forma efetiva, são necessários períodos extensos de pesquisa. Cientistas e médicos investem de 10 a 15 ano para desenvolverem uma solução efetiva e viável.

2. Descoberta e desenvolvimento

De acordo com a vacina, diferentes agentes podem ser combinados, enfraquecidos ou ativados. Essa é a etapa em que a estratégia escolhida para que seja feita a vacina será aplicada.

3. Testes pré-clínicos e clínicos

Primeiramente, cobaias são utilizadas. Após o período pré-clínico, são realizados testes de estudos clínicos em pessoas. O intuito de tais testes é ter a certeza de que a nova vacina é segura e que, de fato, ela age no foco da doença.

Inicialmente os testes agem sobre um pequeno grupo, depois sobre uma amostragem maior, para garantir eficácia e definir a dosagem ideal.

4. Liberação dos órgãos reguladores da vacina

Todos os dados desse período de coleta são, então, encaminhados para os órgão competentes, tais como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Nessa etapa, é realizado um pedido formal para que a vacina seja aprovada para fabricação.

5. Fabricação do produto

A Anvisa realiza uma divulgação anual das marcas de vacina que podem ser distribuídas e comercializadas no Brasil.

6. Distribuição das vacinas para a população

De acordo com uma procura projetada pela imunização, os laboratórios fabricantes das vacinas realizam a distribuição em locais autorizados, como clínicas particulares, que, por sua vez, administram as doses.

Em um contexto adverso como o que vivemos agora, com o surgimento de um novo vírus que provoca uma pandemia, os ritos da ciência se aceleram. Por isso, existe a expectativa de que a vacina contra o Coronavírus bata o recorde do Sarampo e vire a vacina produzida mais rapidamente na história.

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Referências: Ministério da saúde, Organização Mundial da Saúde, Sociedade Brasileira de Infectologia, Revista Super Interessante, Clínica Croce.